domingo, 21 de agosto de 2011

Alagoanos se formam no MERCOSUL com esperança de revalidar diploma no Brasil


Alagoanos se formam no MERCOSUL com esperança de revalidar diploma no Brasil
por Alana Berto
O número limitado de vagas nas universidades federais e o alto custo das faculdades particulares no Brasil estão fazendo com que cada vez mais alagoanos apostem nas universidades da Bolívia e da Argentina, principalmente para conseguir cursar medicina.
Ao entrar em uma universidade fora do país, os estudantes têm que ficar longe da família, se adaptar ao clima e ao idioma do lugar. Os seis anos cursando medicina fora é apenas o começo, já que após concluir o curso os estudantes precisam revalidar o diploma aqui no Brasil.
Com os real valendo 4,342 pesos bolivianos e 2,578 pesos argentinos, os estudantes que vão para esses países gastam em média 1500 reais por mês contanto com moradia e alimentação, o que seria o preço de uma faculdade particular no Brasil.
No dia 18 de março deste ano, foi publicada uma portaria que institui o exame nacional de revalidação de diplomas expedido por universidades estrangeiras. O exame será aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em colaboração com a subcomissão de revalidação de diplomas médicos, da qual participam representantes dos ministérios da Saúde, Educação e Relações Exteriores e da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais do Ensino Superior (Andifes), além do Inep.
O procedimento de revalidação é feito nas universidades públicas brasileiras. Para solicitar, os alunos precisam entrar com uma ação na universidade que o profissional prestou a prova. Apresentam seu diploma, passaporte e a grade curricular, além da tradução dos documentos.
Após a apresentação de todas as informações será feita uma análise por uma comissão, formada por professores do curso e assim, o profissional pode realizar uma prova ou uma complementação dos estudos. A decisão vai depender da conduta de cada universidade.
O baixo custo da universidade de medicina na Bolívia, e a facilidade de não precisar prestar vestibular fez com que Pedro Igor Barbosa largasse o curso de publicidade em uma universidade particular de Maceió e fosse tentar medicina, na cidade de Cochabamba, na Bolívia.
“Tomei essa decisão porque o Brasil não nos dá tanta oportunidade, no meu caso nas universidades federais e estaduais é muito complicado de ingressar. Comecei a pensar em ir para a Bolívia quando um amigo meu que estuda medicina por aqui me falou como era, então eu resolvi tentar, quando eu cheguei foi difícil me adaptar ao clima, por conta da altitude elevada e ao idioma do país, mas agora estou adorando”, declara o estudante.
Ao falar do medo de não conseguir revalidar o diploma ele conclui: “Medo de não conseguir revalidar o diploma no Brasil, todos têm, mas é basicamente como um vestibular baseado em tudo que estou aprendendo na faculdade, eu prefiro pensar positivo”.
Shelling Alves da Silva é alagoano e está no 10º período de medicina na Bolívia e de acordo com ele, todos os seus amigos conseguiram revalidar o diploma no Brasil. “Eu não me arrependo de ter vindo estudar da Bolívia, pois o ensino aqui possui muita qualidade e muita oportunidade. Apesar de tudo, a vida aqui não é fácil, é complicado estar longe dos amigos e da família, eu ainda retornarei a Alagoas para amenizar o sofrimento de muitas pessoas que necessitam de atendimento médico”, afirma Shelling.
O estudante ainda acrescenta que não está difícil revalidar o diploma. “O Lula instalou um plano piloto e a Dilma aperfeiçoou, como uma medida provisória. Existem empresas especializadas que ajudam os profissionais a resolver toda burocracia solicitada pelas universidades e na complementação da provas. Passar apenas com a prova é muito difícil, mas tem que tirar no mínimo 35 na prova para ter direito a complementação", explicou.


21 comentários
  • Arlindo José de Lira em 16/08/2011 às 07:02
E depois de formados ainda vem para o Brasil "aplicar seus conhecimentos" nos deixando a mercê de profissionais que nada sabem fazer além de receitar um anti-térmico e um paracetamol, sem ao menos saber escrever como o estudante Pedro Ivo Barbosa. É uma pena que o governo ainda os aceite.
  • Simplório em 16/08/2011 às 07:10
Esses diplomas (graduação, mestrado e doutorado) Na Argentina, Uruguai, Bolívia etc, é para quem quee vida boa. Não consegue passar aqui e vai para lá. Mas uma coisa me deixa tranquilo: o título de INCOMPETENTE a pessoa vai carregar para o resto da vida. Pobre Brasil !!!
  • DIPLOMADO em 16/08/2011 às 08:04
Eles pagam fortunas aos reitores das universidades federais para revalidar o diploma.Que bando de reitores nojentos!!!
  • calado em 16/08/2011 às 08:46
Se o cidadão não consegue ser aprovado em um vestibular p/ MEDICINA aqui, que capacidade tem de assimilar os conteúdos do curso seja lá onde for... ISSO DEVERIA SER PROIBIDO PELO GOVERNO FEDERAL, QUER SER MÉDICO "ESTUDE" E HONRE AS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS SEUS incopetentes! NAO SE BRICA COM A VIDA
  • Brunno G. Feitoza em 16/08/2011 às 09:10
A todos que Comentaram acima: Não sou estudante de medicina,ainda, no entanto me entristece ver pessoas expor pensamentos tão preconceituosos em pleno século XXI, meu Deus, será que algum de vocês que estão falando isso são médicos ou pretendem ser? ou tem alguém da família exercendo a medicina?
  • Brunno II em 16/08/2011 às 09:16
Eu gostaria de saber algo dos quatro colegas acima. Eu não sabia que a anatomia dos brasileiros é diferente da anatomia dos bolivianos, dos argentinos, ou dos americanos! Será que o corpo humano muda, e os orgãos vitais também? nossa, parabéns a vocês, entendem muito da área. Meus pesames colegas.
  • Brunno III em 16/08/2011 às 09:24
Gostaria de informa-los que tenho nível superior e trabalho em um grande hospital do estado, tenho colegas médicos formados na bolívia,que são excelentíssimos profissionais,tbm tem os ruins, tem ainda os que vieram da UFAL, alguns bons, outros péssimos, sem contar nos da UNCISAL,sem comentários.
  • espedito em 16/08/2011 às 10:35
A falta de ofertas e o custo nas universidades do Brasil envergonha os brasileiros, com a carencia que tem o País na área de medicina. Romper com o preconceito de que pobre pode ser médico, quebrar as correntes da herança que filho de médico faz medicina e filho de pobre Magistério.
  • andre em 16/08/2011 às 10:36
Só pra não prestar vestibular porque vaga tem de sobra! Prova da falência no ensino e falta de interesse dos calouros. Vão estudar! Parece ser também umas férias dos filhos problemáticos que os pais sempre quiseram. Agora terão de aguentar se eles voltarem com um pózinho branco nas narinas!
  • Direto da Bolívia em 16/08/2011 às 10:43
Nossa Bruno vc me deixou EMOCIONADA! Por ter falado toda a verdade q pessoas culturalmente medíocres tem! Só quem está aki sabe o q passa! Bons e maus profissionais existem EM TODO LUGAR e em QQ PROFISSÃO! Sabendo ou não ANATOMIA e/ou FARMACOLOGIA! Já trabalhei em AL na saúde... continua
 fonte:

sábado, 13 de agosto de 2011

Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Países Membros do Mercosul, na República da Bolívia e na República do Chile



Acordos Assinados pelos Ministros da Educação
Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Países Membros do Mercosul, na República da Bolívia e na República do Chile
Os Governos da República da Argentina, da República Federativa do Brasil, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai, Estados Partes do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), da República da Bolívia e da República do Chile, a seguir denominados "Estados Partes" do presente Protocolo,
Considerando
Os princípios, fins e objetivos do Tratado de Assunção, assinado em vinte e seis de março de mil novecentos e noventa e um, entre a República da Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai e o Protocolo de Ouro Preto, assinado em dezessete de dezembro de mil novecentos e noventa e quatro, por estes mesmos Estados Partes;
O Acordo de Complementação Econômica N° 36, subscrito entre o MERCOSUL e a República da Bolívia, o Acordo de Complementação Econômica N° 35, subscrito entre o MERCOSUL a República do Chile e as Decisões do Conselho do Mercado Comum do Sul N° 14/96 "Participação de Terceiros Países Associados em Reuniões do Mercosul" e N° 12/97 "Participação do Chile em Reuniões do Mercosul";
Que a educação tem papel central para que o processo de integração regional se consolide;
Que a promoção do desenvolvimento harmônico da Região, nos campos científico e tecnológico, é fundamental para responder aos desafios impostos pela nova realidade sócio-econômica do continente;
Que o intercâmbio de acadêmicos entre as instituições de ensino superior da Região apresenta-se como mecanismo eficaz para a melhoria da formação e da capacitação científica, tecnológica e cultural e para a modernização dos Estados Partes;
Que da ata da X Reunião de Ministros da Educação dos Países Signatários do Tratado do Mercado Comum do Sul, realizada em Buenos Aires, Argentina, no dia vinte de junho de mil novecentos e noventa e seis, constou a recomendação de que se preparasse um Protocolo sobre a admissão de títulos e graus universitários para o exercício de atividades acadêmicas nas instituições universitárias da Região;
Que a conformação de propostas regionais nessa área deve ser pautada pela preocupação constante em salvaguardar os padrões de qualidade vigentes em cada País e pela busca de mecanismos capazes de assimilar a dinâmica que caracteriza os sistemas educacionais dos Países da Região, que correspondem ao seu contínuo aperfeiçoamento;
Acordam:
Artigo Primeiro
Os Estados Partes, por meio de seus organismos competentes, admitirão, unicamente para o exercício de atividades de docência e pesquisa nas instituições de ensino superior no Brasil e no Chile, nas universidades e institutos superiores no Paraguai, nas instituições universitárias na Argentina, no Uruguai e na Bolivia, os títulos de graduação e de pós-graduação reconhecidos e credenciados nos Estados Partes, segundo procedimentos e critérios a serem estabelecidos para a implementação deste Protocolo.
Artigo Segundo
Para os fins previstos no presente Protocolo, consideram-se títulos de graduação aqueles obtidos em cursos com duração mínima de quatro anos e duas mil e setecentas horas cursadas, e títulos de pós-graduação tanto os cursos de especialização com carga horária presencial não inferior a trezentas e sessenta horas, quanto os graus acadêmicos de mestrado e doutorado.
Artigo Terceiro
Os títulos de graduação e pós-graduação referidos no artigo anterior deverão estar devidamente validados pela legislação vigente nos Estados Partes.
Artigo Quarto
Para os fins previstos no Artigo Primeiro, os postulantes dos Estados Partes deverão submeter-se às mesmas exigências previstas para os nacionais do Estado Parte em que pretendem exercer atividades acadêmicas.
Artigo Quinto
A admissão outorgada em virtude do estabelecido no Artigo Primeiro deste Protocolo somente conferirá direito ao exercício das atividades de docência e pesquisa nas instituições nele referidas, devendo o reconhecimento de títulos para qualquer outro efeito que não o ali estabelecido, reger-se pelas normas específicas dos Estados Partes.
Artigo Sexto
O interessado em solicitar a admissão nos termos previstos no Artigo Primeiro deve apresentar toda a documentação que comprove as condições exigidas no Presente Protocolo. Para identificar, no país que concede a admissão, a que título ou grau corresponde a denominação que consta no diploma, poder-se-á requerer a apresentação de documentação complementar devidamente legalizada nos termos da regulamentação a que se refere o Artigo Primeiro.
Artigo Sétimo
Cada Estado Parte se compromete a manter informados os demais sobre quais são as instituições com seus respectivos cursos reconhecidos e credenciados. O Sistema de Informação e Comunicação do Mercosul proporcionará informação sobre as agências credenciadoras dos Países, os critérios de avaliação e os cursos credenciados.
Artigo Oitavo
Em caso de existência, entre os Estados Partes, de acordos ou convênios bilaterais com disposições mais favoráveis sobre a matéria, estes poderão invocar a aplicação daqueles dispositivos que considerarem mais vantajosos.
Artigo Nono
As controvérsias que surjam entre os Estados Partes, em decorrência da aplicação, interpretação ou do não cumprimento das disposições contidas no presente Protocolo, serão resolvidas mediante negociações diplomáticas diretas. Se, mediante tais negociações, não se alcançar um acordo ou se a controvérsia for solucionada apenas em parte, serão aplicados os procedimentos previstos no Sistema de Solução de Controvérsias vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunção.
Artigo Décimo
O presente Protocolo, parte integrante do Tratado de Assunção, entrará em vigor, para os dois primeiros Estados que o ratifiquem 30 (trinta) dias após o depósito do segundo instrumento de ratificação. Para os demais signatários, aos trinta dias do depósito respectivo e na ordem em que forem depositadas as ratificações.
Artigo Onze
O presente Protocolo poderá ser revisto de comum acordo, por proposta de um dos Estados Partes.
Artigo Doze
A adesão por parte de um Estado ao Tratado de Assunção implicará, ipso iure, a adesão ao presente Protocolo.
Artigo Treze
O Governo da República do Paraguai será o depositário do presente Protocolo, bem como dos instrumentos de ratificação e enviará cópias devidamente autenticadas dos mesmos aos Governos dos demais Estados Partes. Da mesma forma, notificará a estes a data de depósito dos instrumentos de ratificação e a entrada em vigor do presente Protocolo.
Artigo Quatorze
A reunião de Ministros de Educação emitirá recomendações gerais para a implementação deste Protocolo.
Feito na cidade de Assunção, capital da República do Paraguai, aos vinte e oito dias do mês de maio de mil novecentos e noventa e nove, em cinco originais no idioma Espanhol e um no idioma Português, sendo os textos igualmente autênticos.
Nicanor Duarte Frutos
Ministro de Estado
Ministério de Educação e Cultura do Paraguai

Manoel García Solá
Ministro de Estado
Ministério de Cultura e Educação da Argentina

Tito Hoz de Vila Quiroga
Ministro de Estado
Ministério da Educação, Cultura e Esporte da Bolívia

Paulo Renato Souza
Ministro de Estado
Ministério da Educação do Brasil

Josefina Lira Bianchi
Chefe do Escritório de Relações Internacionais
Ministério da Educação do Chile

Yamandú Fau
Ministro de Estado
Ministério de Educação e Cultura do Uruguai


FOnte: http://www.sic.inep.gov.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=109&Itemid=32

Um Alerta a Estudantes de Medicina

Estudos realizados em todo o mundo demonstram que estudantes medicina são mais propensos a depressão. Abaixo um estudo semelhante realizado no Brasil:
Sintomas depressivos nos estudantes de medicina da Universidade Estadual de Maringá
Depressive symptoms among medical students of the State University of Maringá
Mauro Porcua, Cláudio Vinícius Fritzenb e Cesar Helberb
aUniversidade Estadual de Maringá (UEM). bUniversidade Federal de São Paulo/EPM
Resumo
Objetivo
Estudantes de medicina estão freqüentemente em contato estreito com pacientes portadores de todos os tipos de doenças e de prognósticos ruins. Além disso, enfrentam um alto nível de cobrança dele mesmo, da instituição e de toda a sociedade, propiciando o surgimento de sintomas depressivos nos estudantes. Nesse contexto, o presente estudo visa avaliar a epidemiologia da sintomatologia depressiva entre os alunos do curso de medicina da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Métodos
O estudo foi realizado usando o modelo epidemiológico individuado-observacional seccional, utilizando-se um questionário padronizado auto-aplicável chamado Inventário para Depressão de Beck (IDB). A amostra foi de 126 estudantes de medicina, com índice de participação de 97,7%.
Resultados
Encontrou-se na população:1) predominância de homens (55,6%); 2) idade variando de 19 a 25 anos; 3) maioria de religião católica (69,8%); 4) prevalência de sintomas depressivos (49,2%), 4 vezes maior que na população americana e mais do que 7 vezes maior que na brasileira; 5) na passagem do primeiro para o segundo ano, a prevalência de sintomas depressivos aumenta de 20% para 61,8%; 6) do segundo para o terceiro ano, a porcentagem de casos graves aumenta de 4,8% para 19%; 7) diminuição da prevalência no quarto ano (47,4%) e no quinto ano (45,5%); 8) aumento da prevalência no sexto ano, com sintomatologia moderada (61,12%).
Conclusão
A prevalência dos sintomas depressivos nos estudantes de medicina mostrou-se maior do que a encontrada na população em geral. Tal fato indica a necessidade de implementar programas para a diminuição da sintomatologia depressivas entre os estudantes de medicina, principalmente durante a transição do curso básico para a clínica (segunda e terceira séries).
Descritores
Depressão. Estudantes de medicina. Saúde mental. Epidemiologia descritiva.
Abstract
Objective
Medical students are very often assigned to take care of patients with poor prognoses. This situation has an important role as a stressor, as they feel the burden of having the responsibility of managing these problems and the demands from the medical institution and society. In thiscontext, the present study intends to assess the epidemiology of depressive symptoms among medical students of the State University of Paraná, Brazil.
Methods
A cross-sectional study was carried out using a standardized questionnaire, the Beck Depression Inventory (BDI). One hundred and twenty six medical students were enrolled and 97.7% participated in the study.
Results
Some of the findings were: a) age range: 19 to 25 years; b) gender: males 55.6% and females 45.4%; c) religion: predominantly catholic (69.8%); d) prevalence of depressive symptoms: 49.2%, four times higher when compared to the American population of the same age, and, surprisingly, seven times higher when compared to the Brazilian population; e) from the first to the second year of medical school, there was an increase in the prevalence of depressive symptoms from 20% to 61.8%; f) from the second to the third year, the number of severe cases increased from 4.8% to 19%; g) there was a decrease in the prevalence of the symptoms in the fourth (47.4%) and fifth year (45.5%); h) in the sixth year, the high prevalence was due to moderate symptoms (61.12%).
Conclusion
The prevalence of depressive symptoms among medical students proved to be higher than in the general population. This emphasizes the need to prepare students for the transition from the basic courses to the clinical ones (second to third year ), and implement support programs to decrease the onset of depressive symptoms in this particular group. These results, however, should be further evaluated in large randomized studies.
Keywords
Depression. Medical students. Mental health. Descriptive epidemiology.


Introdução
Estudantes de medicina estão freqüentemente em estreito contato com pacientes portadores de todos os tipos de doenças ou de prognósticos ruins. Além disso, enfrentam um alto nível de cobrança por parte da instituição de ensinoe da sociedade em relação oa desempenho e responsabilidade profissional. Isso gera, no próprio estudante, um sentimento de auto-cobrança muito grande. Soma-se a isso a grande carga horária e o volume de matéria didática inerente ao curso de medicina. Nesse contexto, o presente estudo visa avaliar a epidemiologia da sintomatologia depressiva entre os alunos do curso de medicina da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Métodos
Aplicou-se um questionário padronizado, o Inventário para Depressão de Beck (IDB). Quase a totalidade dos estudantes de medicina da UEM responderam-no num período de 3 semanas.
O estudo foi baseado no modelo epidemiológico individuado-observacional seccional, utilizando o IDB como modelo de inquérito. O grupo foi subdividido em seis amostras independentes, correspondentes a cada uma das séries do curso. Antes dos estudantes serem submetidos à avaliação, eles foram inteirados e assinaram um “termo de consentimento e livre-esclarecimento”, para a realização da pesquisa.
O IDB é um questionário padronizado para avaliação do humor depressivo, bastante utilizado na literatura, apresentando a característica de ser auto-aplicativo. O mesmo possui quatro categorias, subdivididas pelo escore: 0-3 (nenhum ou mínimo); 4-7 (leve); 8-15 (moderado); 16 ou mais (grave).
A amostra obtida foi de 126 estudantes de medicina distribuídos nos seis anos do curso. O índice de participação foi de 97,7%. Os alunos que responderam o IDB fizeram-no naturalmente e os que não responderam, não se encontravam na instituição naquela ocasião. Os dados foram submetidos a análise de correlação e teste de significância entre dois percentuais.
Resultados
A distribuição entre homens e mulheres foi de 55,6% e 44,4%, respectivamente. A idade variou, em média, entre 19 e 25 anos. Com relação à religião, os católicos representaram 69,8%, os evangélicos/protestantes 7,1%, espíritas 5,6%, seisho-no-iê 0,8%, muçulmanos 0,8%, sem religião 1,6% e 14,3 não responderam essa pergunta.
A análise de correlação mostrou que as variáveis idade e série apresentaram um índice de correlação de 0,64 (p<0,05). As variáveis sexo, religião e grau de depressão não apresentaram correlação significativa entre si e com as demais variáveis. A prevalência dos sintomas depressivos foi de 49,2% entre a população estudada, sendo que o grau da sintomatologia é mostrado na Figura 1. Na Figura 2 a estratificação da população por série foi exposta, evidenciando um comportamento bem diferente da sintomatologia depressiva entre as séries.
 
Figura 1 - Distribuição dos sintomas depressivos nos estudantes de medicina da UEM/Maringá (PR)
Figura 2 - Distribuição dos sintomas depressivos nos estudantes de medicina da UEM/Maringá (PR)
Fonte: inventário de Beck (IDB) aplicado aos alunos de medicina da UEM/Maringá (PR)

No trabalho de Chan foram avaliados 335 estudantes de medicina chineses, da Chinese University of Hong Kong, usando o IDB como inquérito.1 O autor utilizou escore de corte 9/10 e 29/30, sendo que 50% estavam deprimidos e 2% estavam com grau grave de depressão. Utilizando estes escores de corte, neste trabalho, a taxa foi de 18,3% entre 10 e 30 e 0% acima de 30. Aplicando-se o teste de significância entre dois percentuais, houve diferença significativa (p<0,05) entre os escores de 10 a 30, mas não apresentou diferença acima de 30 (p=0,1105).
No artigo de Clark foram analisados os alunos de medicina da Rush-Presbyterian-St Lukes Medical Center em Chicago, EUA.2 Os autores utilizaram um escore de corte para o IDB de 14, obtendo 12% de alunos com sintomas depressivos durante os três primeiros anos do curso contra 9% desta população no mesmo período, usando o mesmo valor de corte, não apresentando diferença significativa (p>0,05). O maior porcentual de sintomas depressivos (25%) foi encontrado no final do segundo ano e na metade do terceiro ano (19%).
Discussão
Os alunos de medicina da UEM recebem, nos dois primeiros anos, um ensino eminentemente teórico nas disciplinas básicas, que são complementadas por práticas em laboratório, com destaque para anatomia humana. É na disciplina “Semiologia e procedimentos técnicos” que os alunos começam a entrar em contato com os pacientes.
No terceiro ano, eles iniciam as disciplinas clínicas e têm maior contato com os pacientes, através de estágios em postos de saúde, no Centro Integrado de Saúde Mental e enfermarias do Hospital Universitário de Maringá. No quarto ano, retornam às aulas teóricas, sem mais contato com pacientes. O quinto e o sexto ano são de internato médico, quando voltam-se para a prática clínica.
Os dados deste trabalho mostram um equilíbrio entre o percentual de homens e mulheres. Nota-se também o predomínio da religião católica seguida de longe por espíritas e evangélicos/protestantes. A análise aponta somente correlação significativa entre idade e série, pelo fato das mesmas aumentarem seu valor conforme o tempo. Não evidenciou correlação significativa em relação ao sexo feminino e maior grau de depressão conforme se apresenta na população geral (Kaplan3 e Soares4). Este fato também foi relatado no trabalho de Clark.2
O IDB utilizado neste trabalho tem a finalidade, segundo Silveira,5 de detectar a sintomatologia depressiva e não a presença ou ausência de um episódio depressivo, podendo apresentar muitos falsos positivos. Com isso, um segundo instrumento diagnóstico poderia ter sido utilizado, como fez o estudo multicêntrico de Almeida Filho,6 que usou psiquiatras treinados para o diagnóstico do episódio depressivo nos casos positivos. Mesmo assim, o nível de prevalência de 49,2% encontrado pelo IDB foi bastante significante.
O estudo multicêntrico de Almeida Filho mostrou também que a prevalência do transtorno depressivo na população metropolitana de São Paulo, Brasília e Porto Alegre variou de 2,8% a 10,2%.6 Na população americana, estes dados variaram entre 7,8% e 15%, podendo chegar a 25% em mulheres (Kaplan3 e Prado7). Desta maneira, a prevalência de sintomas depressivos nos estudantes de medicina é cerca de 4 vezes maior, em média, do que na população geral americana e mais do que 7 vezes a população brasileira.
Os dados deste trabalho foram comparados com o estudo de Clark,2 obtendo-se valores semelhantes a outros estudos americanos, como de Supe,8 Helmers,9 Rosal,10 estudo na Polônia de Foltyn11 e o estudo no Reino Unido de Stewart.12 Todos mostraram que a prevalência da depressão entre os estudantes de medicina nestes países também é maior do que na população geral. Comparado ao estudo chinês, os resultados indicaram uma taxa bem maior de depressão nos estudantes chineses, mas não em relação ao nível grave de depressão. Com isto, a formação médica nos moldes atuais comporta-se como fator de risco para o aumento da incidência da doença depressiva na população em estudo.
No presente trabalho foram categorizados os diferentes graus de depressão segundo sua distribuição pelas séries, de acordo com a categorização padrão do IDB. Estes dados são apresentados na Figura 2 e mostra diferentes comportamentos em relação à prevalência e ao grau de depressão em cada série.
Considerando-se que este estudo é seccional e avaliou cada série (subpopulação) em separado, uma avaliação longitudinal onde a mesma turma fosse avaliada conforme passa pelas séries seria mais fidedigna. Porém, mesmo sendo subpopulações diferentes, o comportamento entre as séries foi muito diferente.
Do primeiro para o segundo ano, a prevalência de sintomas depressivos aumenta de 20% para 61,8%. Do segundo para o terceiro ano, o número de casos graves salta de 4,8% para 19%, em detrimento dos casos moderados do segundo ano. Este comportamento também foi encontrado no estudo de Helmers,9 que relatou um aumento da prevalência de sintomas depressivos na transição entre a ciência básica e o treinamento clínico, tal como ocorreu neste trabalho. Do terceiro para o quarto ano há uma nítida melhora, ocorrendo uma queda do nível grave de 19% para 0%, assim como a diminuição da taxa de prevalência de 66,6% para 47,4%. Isso possivelmente acontece devido a dois fatores: o primeiro seria a melhor adaptação ao treinamento clínico, por já terem ultrapassado a transição básico/clínico; o segundo seria o fato da disciplina de psiquiatria ser ministrada no terceiro ano, levando os alunos a um auto-reconhecimento de que estão tendo problemas de humor e fazendo-os procurar tratamento médico especializado, havendo melhora do deprimido até o próximo ano. Do quarto para o quinto ano a prevalência se estabiliza, mas há um novo aumento no nível grave de 0% para 4,5%, em detrimento dos moderados do quarto ano. Isto se deve, possivelmente, à entrada do aluno na prática clínica e de lidar diariamente com o sofrimento humano.13 Do quinto ao sexto ano, há um grande aumento do grau moderado, de 13,6% para 33,3% e o desaparecimento do grau grave. Este fato poderia ser explicado pela expectativa de se formar e entrar no mercado de trabalho, ficando responsáveis pelo próprios atos, sem a retaguarda da escola. Outra possibilidade seria a pressão para serem aprovados nas provas de residência médica.
O estudo de Rosal10 concluiu que, pelo fato das taxas de depressão manterem-se elevadas durante todo o curso de medicina e não se comportarem de maneira episódica, o curso em si é um fator de estresse crônico sobre seus alunos.
Conclusão
O presente trabalho mostrou que os alunos de medicina da UEM apresentaram uma prevalência de sintomas depressivos tal qual a encontrada em outros estudos, sendo a taxa de depressão não alterada por outras variáveis como série, religião, idade e sexo.
O aumento da prevalência de sintomas depressivos na transição das disciplinas básicas para as clínicas, bem como o aumento da gravidade dos sintomas depressivos no terceiro ano, também foi evidenciada tanto neste estudo como na literatura.
Estes fatos inferem que o curso de medicina, da maneira como está estruturado atualmente, age como fator de risco para o aumento da prevalência de sintomas depressivos nos seus alunos. Assim, medidas preventivas como um programa implementado pela própria instituição de ensino para identificar os pontos que causam maior estresse sobre o aluno e modificando-os de maneira mais adequada, devem ser empregadas, por exemplo, na transição básico/clínico. Deste modo, agindo na diminuição do estresse, poderá haver uma diminuição significativa da prevalência sintomatologia depressiva nos estudantes de medicina.
Referências
  1. Chain DW. Depressive symptoms and depressed mood among Chinese medical students in Hong Kong. Compr Psychiatr 1991;32(2):170-80.
  2. Clark DC, Zeldow PB. Vicissitudes of depressed mood during four years of school. JAMA 1988;260(17):2521-8.
  3. Kaplan HI, Sadock BJ, Grebb JA. Compêndio de psiquiatria – Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. In: Transtorno depressivo maior e transtorno bipolar I. 7ªed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1997. p. 493-529.
  4. Soares KVS, Filho NA, Boteca NJ, Coutinho ESF, Mari JJ. Sintomas depressivos em adolescentes: análise dos dados do estudo multicêntrico de morbidade psiquiátrica em áreas metropolitanas. Rev ABP – Apal 1994;16(1):11-7.
  5. Silveira DX, Jorge MR. Propriedades psicométricas da escala de rastreamento populacional para depressão CES-D em populações clínica e não-clínica de adolescentes e adultos jovens. Rev Psiquiatr Clín 1998;25(5):251-61.
  6. Almeida-Filho N, Mari JJ, Coutinho E, França JF, Fernandes J, Andreoli SBA, et al. Brazilian multicentric study of psychiatric morbidity – Methodological features and prevalence estimates. Br J Psychiatr 1997;171:524-9.
  7. Prado FC, Ramos J, Valle JR. Atualização terapêutica – manual prático de diagnóstico e tratamento. In: Porto JAD. Transtornos depressivos. 19ªed. São Paulo: Artes Médicas; 1999. p. 1213-15.
  8. Supe AN. A study of stress in medical students at Seth G. S. Medical College. J Postgrad Med 1998;44:1-6.
  9. Helmers KF, Danoff D, Steinert Y, Leyton M, Young SN. Stress and depressed mood in medical students, law students, and graduate students at McGill University. Acad Med 1997;72(8):708-14.
  10. Rosal MC, Ockene IS, Ockene JK, Barret SV, Ma Y, Hebert JR. A longitudinal study of students depressed at one medical school. Acad Med 1997;72(6):542-6.
  11. Foltyn W, Nowakowska-Zajdel E, Knopik J, Brodziak A. The influense of early childhood experiences on depression among medical students. Preliminary study. Psychiatr Pol 1998;32(2):177-85. [Polish].
  12. Stewart SM, Betson C, Lam TH, Marshall IB, Lee PW, Wong CM. Predicting stress in first year medical students: a longitudinal study. Med Educ 1997;31:163-8.
  13. Avancine MATO, Jorge MR. Medos, atitudes e convicções de estudantes de medicina perante as doenças. Psiq Prat Med 2000;33(1):2-9.
Correspondência:
Mauro Porcu
Universidade Estadual de Maringá
Departamento de Medicina
Av. Mandacaru, 1590
Maringá, PR, Brasil
E-mail:
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Fonte: http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/original5_01.htm